Homens precisam estar alertas quanto à prevenção de doenças
“Os homens precisam parar de sentirem-se invulneráveis, super-homens”. Este é o recado do médico sexologista, Carlos Costa, que trabalha há oito anos com saúde masculina e está levando ao estado, em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), um ciclo de palestras sobre prevenção de doenças que acometem o universo masculino.
Motivados pelo Dia Nacional do Homem, comemorado em 15 de julho, a Udesc e a clínica Ictus de Saúde Masculina deram inicio ao ciclo de palestras que procura levar informação e orientação aos homens que ainda têm dificuldade de procurar prevenção e ajuda médica. “A ideia é firmar uma parceria e ampliar o trabalho através de um projeto de extensão no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), da Udesc, com projetos de pesquisa sobre saúde masculina”, conta Claudia Messores, coordenadora de Capacitação e Potencialização de Pessoas da Udesc.
O ciclo de palestras, iniciado em julho, vai ser finalizado nesta sexta-feira (5), no Centro de Artes (Ceart), da Udesc. Conforme Claudia, esta palestra será voltada aos acadêmicos, principalmente pela faixa etária que querem atingir. Através de um relatório do Ministério da Saúde do ano de 2008, sobre a política nacional da saúde do homem, Costa percebeu que o trabalho que faziam na clinica o governo federal também estava querendo fazer.
“A problemática é maior do que parece. Essas pesquisas do Ministério da Saúde apontaram que os homens na faixa etária dos 25 aos 59 anos apresentavam um número de internações e um índice de mortalidade muito alto, por doenças que poderiam ser prevenidas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças na próstata, câncer de estomago, além de outros tipos de câncer e doenças do trato gastrointestinal”, relata o médico.
Outro ponto que chamou a atenção foi que o maior índice de óbito nesta faixa etária acontece em decorrência de violências externas. Os homicídios somam 40% dos casos, os acidentes de transito 30% e os suicídios 7,5%. Outras causas somam 22% do número de mortes entre os homens. A faixa etária de maior índice de óbitos por essas causas está entre os 20 e 24 anos. “Quando se vai mais a fundo neste estudo, encontramos que o que leva a isto e a outras doenças como infarto, doenças de fígado, entre outras, estão relacionados ao uso abusivo de álcool e drogas”.
Os gráficos do Ministério da Saúde de 1985 a 2005 mostram alta incidência de morte por doença cardiovascular. Com estes números, o governo federal passou a se preocupar ainda mais, porque a faixa etária dos 25 aos 59 anos é a mais produtiva e uma grande quantidade de homens entra em perícia e se afasta do trabalho.
Importância da informação e orientação
As palestras e a busca por orientar os homens são significativas para uma mudança de atitude. Costa acredita que, embora se tenha muita informação, existe pouca orientação médica, até mesmo sobre a melhor forma de praticar exercício físico e buscar a integralidade do cuidado com a saúde. “É preciso trabalhar corpo, mente e espírito. Os homens acreditam que seu único problema tem a ver com doenças na próstata e disfunção sexual, quando na verdade muitos dos problemas são de ordem cardiovascular ou causados pelo uso de álcool e outras drogas”.
Segundo o médico, quando se fala em prevenção, é necessário entender que se a pessoa quiser continuar usando algum tipo de droga ou tiver maus hábitos alimentares e de vida, deve estar atenta aos prejuízos que isso pode causar. “O uso de drogas ilícitas ou mesmo as lícitas, se ingerido com freqüência, vai desencadear baixo nível de testosterona e diminuição da fertilidade ou ainda disfunção erétil. A maconha, por exemplo, pode baixar a capacidade sensorial e provocar tantos acidentes quanto o álcool”, afirma.
O médico alerta que não adianta elaborar uma lei contra o uso do álcool, por exemplo, se não forem explicados os riscos do álcool ao organismo e, consequentemente, aos acidentes externos que pode causar. A incidência de disfunção sexual entre jovens é mais um ponto abordado durante as palestras. Há 20 anos, este problema atingia 3% dos homens entre 20 e 30 anos. Hoje, atinge 13%, conforme dados do Ministério da Saúde.
De acordo com Costa, a expectativa de vida das mulheres supera a dos homens em mais de seis anos e são elas as principais motivadores para que eles procurem ajuda médica no sentido de prevenção. “As mulheres, mesmo na TPM, são mais pacientes do que os homens, que têm grande dificuldade em esperar num consultório ou ambulatório para a realização de consultas e exames”.
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